Qual a diferença entre fluxo de caixa e DRE (demonstrativo de resultado do exercício)


Fazer o acompanhamento e análise das movimentações e resultados financeiros das empresas nos permite o melhor entendimento do fluxo de operação da companhia como um todo e também a relação entre o que temos a pagar (salários, fornecedores, impostos, etc) e o que temos a receber (vendas, receitas financeiras, outras receitas, etc).
E para compreender essas relações da melhor forma temos duas ferramentas de extrema importância. São elas o Fluxo de Caixa e o DRE. Muitos confundem e acreditam que estes relatórios são similares, mas não são. Ambos apresentam números da empresa, mas eles têm suas particularidades e apresentam informações totalmente diferentes.

Antes de entrar especificamente na estrutura de cada um é importante apresentarmos os conceitos de apuração no qual eles se baseiam, pois são distintos um do outro. São eles: o Regime de Competência e o Regime de Caixa.

Regime de competência

No regime de competência o registro do lançamento contábil e financeiro acontece na data que aconteceu este evento. O documento é considerado no que chamamos de fato gerador, independente de quando será realizado o pagamento ou recebimento deste documento. Ou seja, se você realizar uma compra hoje de um material, a contabilidade vai classificar este documento como data do fato gerador, mesmo que este pagamento seja realizado em duas vezes (30 dias/60 dias) depois deste fato, sendo uma entrada única nos lançamentos contábeis e financeiros.

Regime de Caixa

No regime de caixa o que acontece é o oposto. O registro do lançamento é realizado na data de pagamento ou recebimento, como se fosse o fluxo de um extrato de uma conta bancária. O departamento financeiro vai registrar considerando o fato pagador. Utilizando o mesmo exemplo acima, em uma compra realizada hoje de um material, o financeiro, em regime de caixa, vai registrar o documento no dia da saída do valor na conta da empresa (divido em um lançamento 30 dias da compra e o outro a 60 dias na compra). Normalmente é feito uma previsão de saída do valor mas ele só vai ter influência no regime de caixa realizado quando este valor sair da conta corrente da empresa.

DIFERENÇA ENTRE DRE E FLUXO DE CAIXA

Agora que já apresentamos o que é regime de competência e regime de caixa vamos mostrar em qual tipo de regime cada um se baseia para apresentar as principais diferenças.

DRE (Demonstrativo de Resultado do Exercício)

O DRE (demonstrativo de resultado do exercício) é um relatório que se baseia especificamente no regime de competência. Vou usar um exemplo mais amplo para ajudar a entender a diferença.

Vamos considerar uma venda. Supondo que sua empresa vendeu um produto de R$30.000,00 em 3 parcelas em janeiro. No regime de competência, independente se o cliente ficar inadimplente ou não, este valor será considerado uma receita no mês do fato gerador, portanto será registrado em janeiro.

Esta forma de registro nos permite ter uma visão ampla se a sua estrutura financeira e até mesmo a sua estrutura empresarial está correta. O principal objetivo do DRE é mostrar se sua empresa está rendendo lucros ou não, mês após mês.

É possível fazer essa análise na empresa toda, isso porque considera as despesas, receitas e custos quando elas ocorreram, independente do prazo de pagamento e recebimento destas receitas e despesas.

Mas temos que tomar cuidado. Isso porque no DRE não moatra o quanto de dinheiro está entrando ou saindo da empresa e nem quando isso está ocorrendo. E se tomarmos decisões apenas olhando o DRE podemos gerar problemas de caixa na empresa, como pegar empréstimos desnecessário ou fazer um investimento em produção com um valor superior a nossa disponibilidade de caixa inviabilizando o projeto.

FLUXO DE CAIXA

Já o Fluxo de Caixa é um relatório que se baseia no regime de Caixa. Usando o mesmo exemplo, se você vendeu em Janeiro, e foi parcelado em 03 vezes, só será computado no relatório caso este recebimento tenha ocorrido. Vamos supor que o cliente realizou o pagamento da primeira parcela no vencimento, 30 dias depois do fato gerados e as outras duas parcelas ele acertou no dia do vencimento da última parcela. O registro ficaria da seguinte maneira:

Fevereiro: R$10.000,00
Março: Não tem entrada (cliente ficou inadimplente)
Abril: R$20.000,00 (entrada de duas parcelas)

O regime de caixa já demonstra exatamente o que está no caixa da empresa. A forma mais líquida que existe, o dinheiro. Esta forma de registro é muito importante porque nos dá a visão da nossa capacidade de cumprir com os compromissos financeiros e até mesmo opções de investimento caso este valor esteja disponível em conta.

O único problema do regime de caixa é que com ele não é possível analisar o resultado operacional da empresa. Existem empresas que está com um resultado muito bom, vendas em alta, mas o prazo de pagamento do seu fornecedor é menor do que o prazo que você disponibiliza para seus clientes, podemos ter problemas de caixa e não ser capazes de cumprir compromissos financeiros em curto prazo, pois mesmo com a venda em alta tem mais saída de valor do que entrada.

AFINAL, QUAL O MELHOR PARA MINHA EMPRESA?

OS DOIS.

Eles não são relatórios que se anulam, muito pelo contrário. Estes dois relatórios se completam trazendo informações diferentes, mas ambos com dados importantíssimos para a gestão da sua empresa.


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Escrito por Niklas Stenberg

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